Busca por corpos de acidente aéreo segue nos EUA enquanto Trump intensifica suas acusações
Os investigadores insistiram nesta sexta-feira (31) que não cederão a pressões externas enquanto procuram corpos e a caixa-preta do helicóptero envolvido no acidente aéreo que causou 67 mortes em Washington, enquanto o presidente Donald Trump dobrou a aposta para obter ganhos políticos.
Até o momento, 26 corpos permanecem desaparecidos no gélido rio Potomac, onde caíram um avião de passageiros e um helicóptero militar após colidirem no ar na noite de quarta-feira. Foi o maior acidente aéreo nos Estados Unidos desde 2009.
Equipes de resgate têm vasculhado as águas turvas do rio dia e noite, mas até agora só recuperaram 41 cadáveres.
Além disso, buscam a caixa-preta do helicóptero após já terem recuperado o gravador de voz da cabine e o gravador de dados de voo do avião comercial Bombardier, operado por uma subsidiária da American Airlines.
Em paralelo às buscas no local, está em andamento uma análise técnica complexa das possíveis falhas que podem ter causado o acidente.
Todd Inman, membro da Junta Nacional de Segurança no Transporte (NTSB) dos EUA, disse que um relatório preliminar deverá ser elaborado em 30 dias, mas "a investigação geral provavelmente levará um ano".
"Tem que ser preciso. Não vamos divulgar algo rapidamente só para acabar com especulações", declarou à CNN.
A cautela de Inman contrastava fortemente com os comentários efusivos e politizados de Trump logo após a colisão entre o avião - em um voo rotineiro de Wichita (Kansas) com 64 pessoas a bordo - e o Black Hawk do exército americano, que transportava três militares.
- "Não é tão difícil" -
Trump voltou a se manifestar nesta sexta em sua plataforma Truth Social: "O helicóptero Black Hawk estava voando alto demais, muito acima do limite de 200 pés (cerca de 60 metros). Isso não é tão difícil de entender, certo?"
Em uma série de publicações e uma coletiva de imprensa na quinta, o republicano culpou o acidente em seus antecessores democratas, Joe Biden e Barack Obama.
Sem apresentar provas, Trump alegou que eles haviam contratado as pessoas erradas devido a seus planos de diversidade racial e políticas contra discriminação conhecidas como DEI (diversidade, equidade e inclusão).
"De fato, saíram com uma diretiva: 'Brancos demais'. E nós queremos as pessoas que são competentes", declarou.
As discussões online se encheram de teorias conspiratórias impulsionadas pela cruzada anti-DEI de Trump.
Enquanto isso, especialistas em aviação focavam em questões como se a tripulação do helicóptero conseguia enxergar com seus óculos de visão noturna e se a torre de controle do aeroporto Ronald Reagan tinha pessoal suficiente.
De acordo com o jornal The New York Times, apenas um controlador, em vez dos dois habituais, estava gerenciando simultaneamente o tráfego de aviões e helicópteros no momento da colisão.
Apenas 24 horas antes do acidente, outro avião que se preparava para pousar no aeroporto precisou fazer uma segunda tentativa de aproximação, após um helicóptero surgir próximo à sua trajetória de voo, informaram The Washington Post e CNN, citando uma gravação de áudio do controle de tráfego aéreo.
- "Especulações" -
Inman afirmou que a investigação resistirá à pressão política.
"Há muita gente fazendo especulações e querendo ser ouvida sobre o assunto. Entendemos, mas nosso trabalho é descobrir, em última instância, o que causou esse acidente e garantir que não volte a acontecer no futuro", ressaltou.
O chefe da Associação de Pilotos de Linhas Aéreas também pediu que os investigadores oficiais possam realizar seu trabalho sem interferências.
"Surgirão muitos detalhes e especulações em resposta a essa tragédia, mas devemos lembrar que a investigação precisa seguir seu curso", declarou o capitão Jason Ambrosi em um comunicado.
M.Matsumoto--JT