The Japan Times - Malala Yousafzai pede a dirigentes muçulmanos que não legitimem o Talibã

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Malala Yousafzai pede a dirigentes muçulmanos que não legitimem o Talibã
Malala Yousafzai pede a dirigentes muçulmanos que não legitimem o Talibã / foto: Aamir Qureshi - AFP

Malala Yousafzai pede a dirigentes muçulmanos que não legitimem o Talibã

A ativista paquistanesa e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, pediu, neste domingo (12), aos líderes muçulmanos que não deem legitimidade ao governo do Talibã no Afeganistão, durante uma cúpula em Islamabad sobre a educação de meninas.

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“Para simplificar, o Talibã não considera as mulheres como seres humanos”, disse Malala em um discurso perante representantes de dezenas de países muçulmanos. “Eles escondem seus crimes sob o pretexto de justificativas culturais e religiosas”, denunciou.

“Não lhes deem legitimidade”, ela pediu. “Como líderes muçulmanos, é hora de se manifestar, de usar seu poder. Vocês podem mostrar autoridade real”, acrescentou.

Desde que o Talibã voltou ao poder em 2021, o Afeganistão é o único país do mundo onde meninas e mulheres são proibidas de frequentar o ensino médio ou a universidade.

O governo do Talibã foi convidado a participar da cúpula de dois dias na capital paquistanesa, mas nenhum representante viajou para a reunião.

As autoridades afegãs não responderam às perguntas da AFP sobre o assunto.

Em 2012, quando tinha 15 anos e defendia o direito das meninas à educação no Paquistão, Yousafzai foi baleada no rosto pelo Talibã quando estava a bordo de um ônibus escolar no remoto vale de Swat, próximo à fronteira com o Afeganistão.

Logo depois, foi para o Reino Unido, onde vive e se tornou uma porta-voz global do direito das meninas à educação. Em 2014, aos 17 anos, ela se tornou a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz.

- O impacto das guerras na educação -

No Afeganistão, a ONU acusa o Talibã de ter imposto um “apartheid de gênero”, mas o Talibã nega, alegando que a lei islâmica “garante” os direitos de homens e mulheres.

A comunidade internacional, no entanto, cita as severas restrições impostas às mulheres como um motivo para não reconhecer o governo talibã.

Mas alguns países, como Paquistão, Irã, China e Turquia, continuam a manter relações com Cabul e têm representantes na capital afegã.

Parte do discurso de Yousafzai, que se referiu às expulsões em massa de migrantes afegãos organizadas pelo governo paquistanês, foi censurada pela televisão estatal PTV, informaram jornalistas da AFP.

“Não consigo imaginar uma menina ou mulher afegã sendo forçada a retornar a um sistema que a priva de seu futuro”, disse ela.

Em seu discurso, Yousafzai também falou sobre o impacto das guerras no Iêmen, no Sudão e na Faixa de Gaza sobre a educação.

Em Gaza, “todas as universidades foram bombardeadas, mais de 90% das escolas foram destruídas e os civis que estavam abrigados em prédios escolares foram atacados indiscriminadamente”, disse ela.

“Continuarei a denunciar as violações israelenses do direito internacional e dos direitos humanos”, acrescentou na capital paquistanesa.

“As crianças palestinas perderam suas vidas e seu futuro”, insistiu Yousafzai.

Israel alega que os combatentes do Hamas estão se escondendo nas escolas de Gaza, onde as famílias também estão se abrigando.

K.Abe--JT