The Japan Times - 'Esperar o inesperado': o que promete o retorno de Trump à Presidência

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'Esperar o inesperado': o que promete o retorno de Trump à Presidência
'Esperar o inesperado': o que promete o retorno de Trump à Presidência / foto: Jim WATSON - AFP/Arquivos

'Esperar o inesperado': o que promete o retorno de Trump à Presidência

Apertem os cintos: Donald Trump retorna à Casa Branca na próxima semana para uma segunda presidência que promete ser ainda mais volátil e imprevisível do que os altos e baixos de seu primeiro governo.

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O republicano bilionário mostra poucos sinais de mudança em seu estilo incendiário. Antes de voltar ao Salão Oval, ele já falou sobre uma nova "era de ouro" com votos de retaliação contra seus inimigos e promessas de deportações em massa.

Trump também soou alarmes ao redor do mundo mais uma vez, ao emitir ameaças territoriais absurdas contra aliados dos Estados Unidos e alimentar temores de que negligenciará a Ucrânia para alcançar um acordo de paz com a Rússia.

"Se você gostou do Trump Um, você vai amar o Trump Dois", disse à AFP Peter Loge, diretor da Escola de Mídia e Relações Públicas da Universidade George Washington.

Apesar de todas as conversas anteriores sobre um Trump mais disciplinado, o homem de 78 anos que tomará posse em 20 de janeiro parece, de muitas maneiras, ser a mesma figura instável da última vez.

As semanas desde sua vitória eleitoral trouxeram o retorno das publicações nas redes sociais tarde da noite, das coletivas de imprensa desconexas, da retórica sombria e dos pronunciamentos confusos sobre política externa.

"A personalidade de Trump é fundamentalmente a mesma", disse David Greenberg, professor de história e jornalismo na Universidade Rutgers.

"Acho que o que podemos esperar ver é mais do inesperado", acrescentou.

- Presidência imperial -

O impressionante retorno político de Trump poderia produzir uma presidência mais extrema, até mesmo de estilo imperial.

Muitas das ressalvas em torno do 'outsider' de 2016 foram substituídas por apoiadores obstinados do "MAGA" (Make America Great Again, seu slogan).

O Partido Republicano o apoia de uma forma que não fazia quatro anos atrás. A Câmara de Representantes e o Senado dos EUA estão ambos nas mãos dos republicanos — embora com uma pequena maioria na Câmara.

"O trumpismo é o Partido Republicano hoje", disse Jon Rogowski, da Universidade de Chicago, acrescentando que Trump agora é "mais palatável para uma gama mais ampla do espectro político".

Enquanto os críticos alertam para os traços autoritários — uma "ameaça à democracia", nas palavras do presidente em fim de mandato, Joe Biden —, Trump se tornou, de muitas maneiras, o "novo normal" dos Estados Unidos.

O homem mais rico do mundo, Elon Musk, está ao seu lado. Magnatas, incluindo Mark Zuckerberg, da Meta, e Jeff Bezos, da Amazon, o cortejam.

Enquanto isso, os críticos democratas foram silenciados.

Pouco se fala, por enquanto, sobre como Trump deixou o cargo em desgraça depois que seus apoiadores, que rejeitaram a eleição de Biden, atacaram o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. O fato de que ele será o primeiro criminoso condenado a ser presidente mal parece ter ressoado.

"Todo mundo quer ser meu amigo", disse o presidente eleito em dezembro.

Trump também começará com pressa, sabendo que está limitado a mais quatro anos — mesmo que tenha pensado em um terceiro mandato, o que violaria a Constituição.

Espera-se que ele assine cerca de 100 ações executivas em suas primeiras horas como presidente em 20 de janeiro, possivelmente incluindo perdões para alguns dos manifestantes dos atos de 6 de janeiro de 2021.

- 'Luta livre profissional' -

Os primeiros 100 dias de Trump provavelmente se concentrarão na imigração e na economia, os pontos fortes de sua campanha eleitoral. Há burburinhos de promessas de lealdade aos servidores públicos, enquanto Musk liderará esforços para dizimar o governo federal.

Trump também escolheu um gabinete inflexível e controverso, incluindo o cético em relação às vacinas Robert F. Kennedy Jr. para o cargo de secretário da Saúde.

No cenário mundial, Trump está mais provocador do que nunca. Ele se recusou a descartar uma ação militar para tomar à força a estratégica Groenlândia e o Panamá, enquanto ameaça o Canadá e o México com tarifas altas.

Por outro lado, o republicano diz que deseja manter conversas com os líderes da Rússia e da China, por quem há muito tempo expressa aberta admiração. Sobre o clima, ele parece pronto para retirar Washington dos acordos globais mais uma vez.

A questão é o quão seriamente as ameaças de Trump devem ser levadas.

"Uma metáfora muito boa para o presidente Trump é a luta livre profissional", disse Loge. "As pessoas se machucam, mas o ponto não é o esporte, o ponto é o espetáculo". Desta vez, o mundo pode estar mais preparado para lidar com ele, acrescentou.

"No primeiro governo Trump, as pessoas respondiam ao espetáculo. Desta vez, podemos estar respondendo mais ao esporte".

T.Sasaki--JT