The Japan Times - Migrantes aguardam retorno de Trump em meio ao medo e à incerteza

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Migrantes aguardam retorno de Trump em meio ao medo e à incerteza
Migrantes aguardam retorno de Trump em meio ao medo e à incerteza / foto: ALFREDO ESTRELLA - AFP

Migrantes aguardam retorno de Trump em meio ao medo e à incerteza

Apreensivos e em uma espécie de limbo, centenas de migrantes retidos na cidade mexicana de Tapachula (Chiapas, sul) esperam continuar sua jornada aos Estados Unidos a menos de uma semana do retorno de Donald Trump à Casa Branca.

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Vários já têm data marcada para solicitar asilo nos EUA, mas precisam de uma permissão para transitar pelo México até a fronteira norte, um processo que precisam concluir nos escritórios migratórios superlotados em Tapachula (fronteira com a Guatemala).

É uma corrida contra o tempo, pois o presidente eleito promete eliminar o aplicativo móvel CBP One, no qual os agendamentos são solicitados. Para o republicano, esta ferramenta incentiva o tráfico de migrantes para seu país.

A venezuelana Dayana Hernández tem uma entrevista marcada para 29 de janeiro, nove dias após a posse de Trump. "Estamos totalmente preocupados porque muitas coisas são ditas, e não é segredo para ninguém que quando Donald Trump diz essas coisas, ele as cumpre", disse à AFP a mulher de 36 anos, que espera um salvo-conduto das autoridades mexicanas para evitar a deportação.

O magnata assumirá o cargo na próxima segunda-feira (20) para um mandato de quatro anos com a promessa de deter a "invasão" de migrantes e usar o exército americano para realizar a maior deportação de pessoas em situação irregular da história dos Estados Unidos.

Hernandez pede ao republicano que mantenha a possibilidade que ela tem agora de ir para os EUA como requerente de asilo. "Por favor, deixe-nos passar, porque assim como existem pessoas ruins, existem pessoas boas que querem trabalhar", afirma.

- Desesperança -

Com o agendamento para o pedido de asilo em mãos, centenas de migrantes aguardam do lado de fora de um escritório de migração em Tapachula pelo salvo-conduto que permitirá que continuem sua jornada.

Muitos têm audiências dias após a posse de Trump ou até mesmo no próprio dia 20 de janeiro, e buscam este documento com urgência.

Outros, desesperados por não conseguir um agendamento no CBP One e temendo a insegurança e a extorsão de criminosos e autoridades, optaram por juntar-se às caravanas de migrantes que deixaram Tapachula nas últimas semanas.

Yusmelis Villalobos, uma venezuelana de 47 anos que tem uma entrevista marcada para 23 de janeiro, vê uma situação desesperadora.

Os migrantes "perguntam-se o que vai acontecer com eles. Se depois do dia 20 eles terão uma chance. Há uma espécie de desesperança", diz a mulher que está esperando por uma permissão de trânsito.

O governo do presidente em fim de mandato, Joe Biden, introduziu o CBP One em janeiro de 2023 para organizar o fluxo migratório para os EUA e reduzir a possibilidade de traficantes explorarem os migrantes.

Embora a solicitação não garanta que estas pessoas consigam se estabelecer em solo americano, ela permite que elas obtenham uma permissão de trabalho enquanto prosseguem com seu processo de asilo.

De acordo com o governo Biden, houve 2,1 milhões de encontros na fronteira sul dos EUA no ano fiscal que terminou em setembro, abaixo dos quase 2,5 milhões do período anterior, uma queda que os especialistas associam ao CBP One.

- "Vamos ver" -

Com agendamento marcado para 23 de janeiro, Anaís Rojas, uma venezuelana de 20 anos que está viajando com seu filho pequeno, reconhece sua preocupação.

"Vimos que a audiência estava marcada (para o dia 23), ainda com a incerteza de que não sabemos (o que vai acontecer). Estaremos na fronteira no dia 20, então vamos ver", diz ela, que tenta chegar à cidade de Tijuana.

Apesar disso, a mulher está confiante de que a economia americana se recuperará com Trump e que isso acabará jogando a seu favor.

"Há um motivo pelo qual ele ganhou, pelo qual a maioria o elegeu e isso nos beneficia como migrantes, porque estamos indo para lá. Se a economia estiver melhor, isso também nos beneficiará", diz ela.

H.Nakamura--JT