The Japan Times - Tráfico de migrantes, um drama humanitário transformado em negócio na América Latina

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Tráfico de migrantes, um drama humanitário transformado em negócio na América Latina
Tráfico de migrantes, um drama humanitário transformado em negócio na América Latina / foto: ALFREDO ESTRELLA - AFP

Tráfico de migrantes, um drama humanitário transformado em negócio na América Latina

Para entrar no México vinda da Guatemala, Ana María pagou 250 dólares (R$ 1,5 mil) para um grupo criminoso. Ela não teve outra opção para evitar ser sequestrada por quadrilhas que transformaram a crise migratória em um negócio milionário.

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Esta hondurenha de 26 anos foi extorquida na fronteiriça Tecún Umán, na Guatemala, aonde chegou com três filhas com destino aos Estados Unidos.

"Fizeram fotos e vídeos de nós", diz a mulher, com a voz trêmula, que conversou com a AFP na cidade mexicana de Tapachula (Chiapas) sob a condição de proteger seu nome verdadeiro.

Sua história é apenas uma amostra de uma atividade que se espalha da selva de Darién, entre a Colômbia e o Panamá, até a fronteira entre o México e os Estados Unidos. O esquema inclui desde serviços de "coiotes" - chamados "guias" -, alojamento e transporte, a sequestros.

O tráfico de migrantes rende entre US$ 7 bilhões (R$ 42 bilhões) e US$ 10 bilhões (R$ 60 bilhões) ao ano para os criminosos em nível global, segundo estimativas da ONU e do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI).

A fonte é inesgotável: em 2024, o México processou 925.000 imigrantes irregulares, enquanto os Estados Unidos registraram 2,1 milhões de flagrantes de migrantes em sua fronteira no ano fiscal encerrado em setembro.

Originárias de Venezuela, Cuba, Colômbia, Equador, Haiti, América Central e longínquos países africanos e asiáticos, estas pessoas fogem da pobreza, da violência e de governos autoritários.

O pagamento de Ana María incluía traslado em balsa pelo rio Suchiate, entre a Guatemala e o México, e por rodovia até um albergue em Tapachula. "É a única forma de podermos entrar", diz.

- Negócio de narcotraficantes -

Exceto pelo transporte fluvial de mercadorias, o principal acesso ao México a partir da Guatemala parece parcialmente vazio.

Mas a uma hora dali, Tapachula está repleta de migrantes que buscam desesperadamente permissões de trânsito para chegar à fronteira norte antes que Donald Trump assuma a Presidência, na próxima segunda-feira (20).

Este contraste se deve a que criminosos levam os migrantes diretamente para Tapachula, longe das vistas das autoridades.

"Não lhes permitem mais chegar" por conta própria. "Dizem-lhes, 'Cobramos para levá-los'", denuncia o padre Heyman Vázquez, pároco local. "O crime organizado se apossou" dos migrantes.

Quem não tem dinheiro, é sequestrado. "Pedem-lhes 700 dólares (R$ 4,2 mil). Quando o familiar paga, põem neles uma marca (no braço) e os deixam ir", diz Vázquez.

Os migrantes chamam genericamente de "cartel" as organizações que disputam o controle desta fronteira.

Tratam-se dos cartéis de Sinaloa e Jalisco Nova Geração, cuja disputa provocou no ano passado uma chacina em que 19 pessoas morreram, inclusive guatemaltecos, e um deslocamento inédito de mexicanos para a Guatemala.

Ambos absorveram as redes criminosas locais, que algumas vezes os entregam pessoas para a extorsão e tráfico de pessoas, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

- Elo colombiano -

Este controle criminoso começa muito antes de Tapachula, na selva de Darién.

Alberto Yamarte, um migrante venezuelano de 50 anos, pagou 1.800 dólares (R$ 10,8 mil) a um grupo para atravessar esta perigosa floresta com a esposa e três filhos.

"É tipo para cuidar de você", explica o homem, parte dos mais de sete milhões de venezuelanos que deixaram seu país desde 2014 devido à crise que alcançou um novo auge com a questionada reeleição de Nicolás Maduro.

Quem cruza por conta própria se expõe a humilhações. Foi "duríssimo, duas horas de sequestro. Tiraram de nós tudo o que tínhamos", conta Dayana Hernández, uma venezuelana de 36 anos.

O Darién é o reduto do Clã do Golfo, a maior organização criminosa da Colômbia.

"Decide quais caminhos podem ser usados e quais não, fornece 'segurança' à população e enriquece às custas dos migrantes", comenta Juan Pappier, vice-diretor para as Américas da organização Human Rights Watch (HRW).

Alguns contraem dívidas vultosas para pagar os "coiotes", como a guatemalteca Ericka Morales, que foi deportada em 10 de janeiro passado do Texas e deve 15.000 dólares (R$ 90 mil). Agora, precisa "seguir lutando aqui para poder quitar a dívida", diz, resignada.

O GAFI avalia que as prisões de traficantes são baixas, apesar de ser um fenômeno maciço, que inclusive é promovido pelas redes sociais.

No TikTok, por exemplo, um usuário oferece entradas nos Estados Unidos por um túnel. O México anunciou recentemente a descoberta de uma destas passagens.

As autoridades também lucram. "Os policiais (guatemaltecos) me tiraram toda a grana", diz uma panamenha. Uma relatoria da ONU atesta estes casos no México.

Outros extorquem até 500 dólares (R$ 3 mil) por falsas entrevistas de asilo pelo aplicativo móvel CBP One, que Trump promete eliminar afirmando que incetiva o tráfico. Casas de câmbio também se beneficiam do dinheiro que familiares enviam para migrantes poderem prosseguir viagem.

- Boom econômico -

Na parte panamenha do Darién, a migração também transformou pequenos povoados por onde passaram mais de um milhão de pessoas nos últimos três anos.

Em Canaán Membrillo e Bajo Chiquito, os migrantes - com o aval das autoridades - precisam pagar 25 dólares (R$ 150) para serem trasladados em balsas até um albergue.

Os pequenos estabelecimentos comerciais que antes atendiam dezenas de moradores, agora vendem para centenas de estrangeiros por dia roupas, comida e até chips de celular.

Os migrantes também precisam pagar 40 dólares (R$ 241) para serem trasladados de ônibus até a fronteira com a Costa Rica, uma rota organizada pelo governo panamenho.

Tratados como mercadorias, muitos se sentem em um beco se saída. "Trump ter vencido (nos Estados Unidos), Maduro ter ganhado outra vez na Venezuela. Para a frente ou para trás, não sabemos o que fazer", lamenta a venezuelana Dayana Hernández.

T.Sato--JT