The Japan Times - Primeiras reféns libertadas durante trégua com o Hamas em Gaza chegam a Israel

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Primeiras reféns libertadas durante trégua com o Hamas em Gaza chegam a Israel
Primeiras reféns libertadas durante trégua com o Hamas em Gaza chegam a Israel / foto: Eyad BABA - AFP

Primeiras reféns libertadas durante trégua com o Hamas em Gaza chegam a Israel

As três reféns israelenses libertadas pelo Hamas voltaram ao seu país, neste domingo (19), no primeiro dia de um cessar-fogo entre Israel e o movimento islamista palestino em Gaza, devastada por mais de 15 meses de guerra.

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Emily Damari, de 28 anos; Romi Gonen, de 24, e Doron Steinbrecher, de 31, "cruzaram a fronteira para o território israelense", confirmou o exército de Israel após a entrada em vigor do cessar-fogo com três horas de atraso.

"Emily, Doron e Romi estão, enfim, a caminho de casa", declarou o porta-voz do exército, o contra-almirante Daniel Hagari, à televisão. "É um momento muito emocionante", acrescentou.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ressaltou que as reféns passaram por um "inferno" após sua captura por comandos islamistas no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, no ataque do Hamas que deu início à guerra em Gaza.

O conflito forçou o deslocamento da grande maioria dos 2,4 milhões de habitantes do território sitiado, em ruínas após mais de um ano de confrontos e bombardeios.

Após a entrada em vigor da trégua, milhares de deslocados palestinos pegaram a estrada com seus pertences, com a esperança de voltar para suas casas.

"Viemos para cá às 06h da manhã e nos deparamos com uma destruição maciça, nunca vista", disse Walid Abu Jiab ao voltar para Jabaliya, no norte da Faixa.

O primeiro dia da trégua, anunciada na quarta-feira, mas aprovada apenas na sexta por Israel e Hamas, ocorre na véspera do retorno de Donald Trump à Casa Branca.

O cessar-fogo alimenta a esperança de uma paz duradoura no território governado pelo Hamas, embora Netanyahu tenha ressaltado no sábado que se tratava de uma trégua "provisória" e que Israel se reservava "o direito de retomar a guerra".

O braço armado do Hamas afirmou, por sua vez, que a trégua depende de que Israel "cumpra seus compromissos".

- "Hoje as armas de Gaza estão em silêncio" -

O cessar-fogo, cuja entrada em vigor foi confirmada pelo Catar, um dos países mediadores do acordo juntamente com Estados Unidos e Egito, começou quase três horas depois do combinado porque o Hamas informou com atraso a lista de reféns que previa libertar no domingo.

O Hamas justificou o atraso por "complicações no terreno e a continuação dos bombardeios" de Israel, que, segundo a Defesa Civil de Gaza, deixaram oito mortos na Faixa neste domingo.

"Depois de tanta dor, morte e perdas de vidas, hoje as armas estão em silêncio em Gaza", comemorou o presidente americano, Joe Biden, durante uma visita à Carolina do Sul no último dia de seu mandato.

Segundo o texto acordado, 33 dos reféns capturados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, serão devolvidos na primeira fase da trégua, de 42 dias.

Um funcionário militar disse que os reféns serão liberados em três pontos da fronteira entre Israel e Gaza, onde serão atendidos por médicos e depois transferidos para hospitais.

O pacto também determina que Israel liberte cerca de 1.900 presos palestinos em presídios israelenses, 90 deles ainda neste domingo, segundo o Hamas, que disse esperar uma lista "em breve".

Entre os prisioneiros palestinos que fazem parte do acordo está Zakaria al Zubeidi, ex-líder das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, braço armado do Fatah, partido do presidente Mahmoud Abbas.

Segundo o Fórum de Famílias de Reféns, as reféns israelenses Damari e Steinbrecher foram sequestradas no kibutz Kfar Azza, e Gonen, no festival de música eletrônica Nova.

- Próxima libertação de reféns prevista para sábado -

O acordo de trégua foi negociado pelos mediadores durante meses.

A próxima libertação de reféns israelenses ocorrerá no "próximo sábado", declarou um alto dirigente do Hamas à AFP, sob a condição do anonimato.

O acordo de trégua gerou divisões em Israel. Em Gaza, o alívio da população era palpável.

"Estou muito, muito feliz", disse Wafa al Habeel em Khan Yunis, no sul da Faixa. "Quero voltar e beijar o chão de Gaza. Sinto saudades de [a Cidade de] Gaza e sinto saudades dos nossos entes queridos", comentou.

Além da libertação dos reféns, a primeira etapa do acordo inclui, segundo Biden, "um cessar-fogo total", a retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza e um aumento da ajuda humanitária.

"É imperativo que este cessar-fogo elimine os importantes obstáculos políticos e de segurança que dificultam a entrega de ajuda em Gaza (...)", escreveu, na rede social X, o secretário-geral da ONU, António Guterres.

As autoridades egípcias detalharam que o acordo prevê "a entrada de 600 caminhões de ajuda por dia", inclusive 50 de combustível.

Uma fonte egípcia, que falou sob a condição do anonimato, disse que "260 caminhões de ajuda e 16 de combustível" entraram neste domingo em Gaza.

O ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023, resultou na morte de 1.210 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais.

Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 91 continuam reféns em Gaza e, destas, 34 teriam morrido, segundo o exército israelense.

Em resposta ao ataque, Israel lançou uma campanha aérea e terrestre na Faixa, que resultou na morte de pelo menos 46.913 pessoas, principalmente civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera confiáveis.

H.Nakamura--JT