Davi Alcolumbre e Hugo Motta são eleitos para comandar Senado e Câmara dos Deputados
O Congresso brasileiro elegeu no sábado (1º) novos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, com o apoio da bancada da esquerda do governo e também da ala mais radical da oposição de direita.
Com 73 dos 81 votos possíveis, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) conquistou a presidência do Senado. Na Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) venceu com 444 votos de um total de 499 votos.
Ambos são políticos do chamado "Centrão", do qual depende em grande parte a governabilidade do Brasil.
Apesar da polarização no país, Alcolumbre e Motta construíram maiorias absolutas com votos de parlamentares da coalizão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da oposição de extrema direita.
"Quero ser uma ponte, infelizmente eu percebo isso, as pessoas estão destruindo as pontes, a gente está ficando sem uma ponte de diálogo", acrescentou o senador de 45 anos.
Motta, de 35 anos, disse que "defender a estabilidade econômica é defender a estabilidade social".
Alcolumbre e Motta conduzirão uma legislatura com temas delicados, como a anistia de quase 400 condenados por atentados contra sedes dos poderes em 2023 para sabotar a posse de Lula que derrotou o então presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro (PL).
Embora sua tramitação não tenha avançado por decisão do presidente em fim de mandato da Câmara, Arthur Lira, o texto pode voltar à agenda.
"Eu não tenho dúvida que vai acontecer anistia, porque é uma grande injustiça que nós temos que reparar", disse à imprensa o senador Flávio Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente.
"Nenhuma pessoa com bom senso pode concordar com 17 anos de cadeia para quem pichou de batom uma estátua", destacou o senador Bolsonaro, que apoiou Alcolumbre.
Jair Bolsonaro não poderá concorrer nas eleições presidenciais de 2026 porque a Justiça Eleitoral o condenou por questionar o sistema de votação brasileiro sem provas.
O Legislativo também abordará outros temas polêmicos, como a exploração de petróleo no litoral do Nordeste, criticada por ambientalistas, e um projeto que busca limitar decisões do Supremo Tribunal Federal, que o governo qualifica como retaliação às sanções impostas por esta corte aos apoiadores do ex-presidente Bolsonaro.
M.Sugiyama--JT