Rubio chega à Guatemala para tratar da crise migratória
O secretário de Estado de Estados Unidos, Marco Rubio, iniciou na tarde desta terça-feira (4) sua visita à Guatemala, um dos últimos países com relações com Taiwan e de onde saem milhares de migrantes rumo ao território americano todos os anos.
Rubio chegou à Guatemala procedente da Costa Rica, que, em 2007, rompeu relações com Taiwan, uma ilha com governo democrático que a China reivindica como parte de seu território, o que foi um ponto de inflexão seguido por outros países latino-americanos.
Belize, Paraguai e Guatemala são os únicos países americanos que reconhecem Taiwan.
O enviado especial de Washington para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, disse recentemente que seu país está "agradecido" com o presidente guatemalteco, Bernardo Arévalo, porque seguir reconhecendo a ilha. A Guatemala "entende a ameaça chinesa", afirmou.
Sobre a migração, o alto funcionário destacou a "cooperação extraordinária" do governo guatemalteco para receber os voos de deportados promovidos pela Casa Branca.
Na Costa Rica, Rubio ofereceu apoio nesta terça ao país centro-americano para que possa enfrentar a "chantagem" e a "ameaça" de empresas chinesas. "Vocês têm sido muito firmes e vamos continuar os ajudando com isso", indicou.
Um país "merece apoio" quando enfrenta "empresas que não são seguras, estão apoiadas por governos como o da China que gosta de ameaçar, sabotar, usar coerção econômica para punir", disse Rubio ao lado do presidente Rodrigo Chaves, na Casa Presidencial, em San José.
Em 2023, Chaves proibiu a gigante tecnológica chinesa Huawei de apresentar uma oferta para a rede 5G devido à negativa de Pequim a firmar um acordo internacional sobre crime cibernético.
Rubio começou sua viagem no Panamá, onde reportou avanços em seu empenho para reduzir a influência chinesa em torno do estratégico Canal do Panamá.
O giro do secretário de Estado americano, que também o levou a El Salvador e, depois da Guatemala, concluirá na República Dominicana, se concentra na prioridade do presidente Donald Trump de deportar os imigrantes em situação irregular.
Para o chefe da diplomacia americana, um cubano-americano e primeiro latino a ocupar o cargo, os governos de Venezuela, Cuba e Nicarágua são responsáveis pela crise migratória.
"Na minha opinião, esses três regimes que existem em Nicarágua, Venezuela e Cuba são inimigos da humanidade e criaram uma crise migratória. Eles a criaram porque são países nos quais seus sistemas não funcionam", assinalou.
- 'Tirar esses animais' -
Em El Salvador, na segunda-feira, Rubio anunciou ter recebido uma oferta extraordinária do presidente Nayib Bukele de reclusar em um megapresídio migrantes e americanos "criminosos" enviados dos Estados Unidos.
"Obviamente, há questões legais a se considerar. Temos uma Constituição, temos todo tipo de coisa, mas é uma oferta muito generosa", disse Rubio nesta terça em uma coletiva de imprensa na Costa Rica.
Pouco depois, na Casa Branca, Trump disse que é favorável à proposta: "Se tivéssemos o direito legal de fazê-lo, eu o faria sem hesitação. Não sei se temos ou não. Estamos analisando isso agora, mas poderíamos fazer acordos para tirar esses animais do nosso país", disse.
Os presos seriam enviados para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), considerado o maior presídio da América Latina, nas imediações de Tecoluca, 75 km a sudeste de San Salvador.
"Não é diferente de nosso sistema penitenciário, exceto que seria muito menos custoso, e seria um grande elemento dissuasório", considerou Trump.
Bukele goza de grande popularidade por sua guerra contra as gangues, baseada em um regime de exceção que, desde 2022, deteve cerca de 83 mil pessoas sem ordem judicial, muitos delas inocentes, motivo pelo qual é criticado por grupos de direitos humanos.
K.Inoue--JT