The Japan Times - Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?

EUR -
AED 4.080431
AFN 77.667352
ALL 98.296207
AMD 430.895007
ANG 1.988388
AOA 1018.165972
ARS 1255.920148
AUD 1.73396
AWG 2.002455
AZN 1.869042
BAM 1.955769
BBD 2.242094
BDT 134.917829
BGN 1.956518
BHD 0.41872
BIF 3303.861718
BMD 1.110932
BND 1.449396
BOB 7.67298
BRL 6.2981
BSD 1.110497
BTN 94.720755
BWP 15.159483
BYN 3.634091
BYR 21774.269701
BZD 2.230574
CAD 1.554616
CDF 3188.375312
CHF 0.935555
CLF 0.027305
CLP 1047.797602
CNY 8.002379
CNH 7.999112
COP 4694.532548
CRC 564.298541
CUC 1.110932
CUP 29.439701
CVE 110.264715
CZK 24.945926
DJF 197.743259
DKK 7.459298
DOP 65.239831
DZD 148.641623
EGP 56.005979
ERN 16.663982
ETB 147.655566
FJD 2.526648
FKP 0.842216
GBP 0.840487
GEL 3.049518
GGP 0.842216
GHS 14.135963
GIP 0.842216
GMD 79.439445
GNF 9614.845319
GTQ 8.537863
GYD 232.32208
HKD 8.660216
HNL 28.875925
HRK 7.536125
HTG 145.189625
HUF 404.909761
IDR 18508.740259
ILS 3.975682
IMP 0.842216
INR 94.788508
IQD 1454.696239
IRR 46770.242887
ISK 146.687265
JEP 0.842216
JMD 176.907154
JOD 0.788096
JPY 164.569081
KES 143.332019
KGS 97.15113
KHR 4443.848506
KMF 484.92203
KPW 999.833915
KRW 1582.22301
KWD 0.341678
KYD 0.925368
KZT 564.448217
LAK 24016.721718
LBP 99497.142743
LKR 331.854661
LRD 222.087427
LSL 20.349573
LTL 3.280294
LVL 0.671991
LYD 6.098902
MAD 10.358733
MDL 19.410338
MGA 5019.941834
MKD 61.542014
MMK 2332.384765
MNT 3970.358091
MOP 8.913797
MRU 44.007292
MUR 51.580479
MVR 17.103162
MWK 1925.695021
MXN 21.751007
MYR 4.802007
MZN 70.984805
NAD 20.349847
NGN 1779.646527
NIO 40.859343
NOK 11.564281
NPR 151.548152
NZD 1.885635
OMR 0.427702
PAB 1.110462
PEN 4.059835
PGK 4.611926
PHP 62.015006
PKR 312.701169
PLN 4.25175
PYG 8867.977071
QAR 4.04759
RON 5.102737
RSD 117.219697
RUB 89.260155
RWF 1590.145791
SAR 4.166889
SBD 9.277226
SCR 15.788365
SDG 667.118952
SEK 10.81868
SGD 1.449905
SHP 0.873018
SLE 25.274092
SLL 23295.673461
SOS 634.575511
SRD 40.215188
STD 22994.052078
SVC 9.716975
SYP 14445.799176
SZL 20.343764
THB 36.937933
TJS 11.515107
TMT 3.888262
TND 3.372246
TOP 2.601915
TRY 43.079081
TTD 7.535913
TWD 33.850656
TZS 2985.62872
UAH 46.149281
UGX 4063.989492
USD 1.110932
UYU 46.379254
UZS 14319.769627
VES 103.000061
VND 28841.464431
VUV 133.28206
WST 3.086775
XAF 655.934639
XAG 0.033892
XAU 0.000343
XCD 3.00235
XDR 0.816132
XOF 655.955304
XPF 119.331742
YER 271.567127
ZAR 20.43208
ZMK 9999.719498
ZMW 29.426924
ZWL 357.719692
Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?
Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira? / foto: Pablo PORCIUNCULA - AFP

Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?

Com a ajuda de um tubo metálico, um operário insere uma muda no solo. Dois passos adiante, ele coloca outra.

Tamanho do texto:

Na Amazônia Legal, parte da floresta tropical que se estende pelo território do Brasil, uma empresa recente de créditos de carbono com contratos valiosos com as gigantes Google e Microsoft, e apoiada pelo governo dos Estados Unidos pretende repetir este gesto milhões de vezes.

O objetivo da empresa brasileira Mombak é replicar em escala industrial a biodiversidade da maior floresta tropical do planeta, estratégica para combater as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, vítima do desmatamento.

O momento não podia ser mais propício, pois o Brasil abriu a porta da frente para o mercado de carbono e o setor precisa recuperar credibilidade, após anos de escândalos e fiascos.

- Oportunidade de ouro -

"A gente identificou uma grande oportunidade no mercado, que é a meta global de reduzir as emissões nos próximos anos", afirma o cofundador da Mombak, Gabriel Silva, na fazenda Turmalina, em Mãe do Rio, Pará, a primeira comprada pela empresa para reflorestar.

"A Amazônia é o melhor lugar para você fazer reflorestamento do mundo", onde desde 2015 desapareceram 60 milhões de hectares, ressalta.

O mercado de carbono se baseia na venda de créditos a empresas poluidoras, que em troca financiam o reflorestamento. Em outras palavras, elas compensam o CO2 emitido por suas atividades com o que a natureza absorve e armazena nas árvores através da fotossíntese.

Mas isto tem gerado críticas de "greenwashing" (maquiagem verde), pois as empresas são condenadas por não concentrarem seus esforços na redução de suas emissões.

Além disso, até agora, a maioria destes projetos se mostrou ineficaz, principalmente porque apostaram na monocultura, especialmente do eucalipto, que dá origem a florestas que com o tempo adoecem e se fragilizam.

- Simular a natureza -

Nesta fazenda de 3 mil hectares, ao leste de Belém, foram plantadas mais de três milhões de mudas em apenas 18 meses, reunindo mais de 120 espécies nativas.

"O que a gente quer nada mais é do que simular a natureza" para produzir uma floresta "resiliente" com "autogerenciamento por 100 anos", assegura o biólogo encarregado do projeto, Severino Ribeiro.

Em primeiro lugar, foram plantadas árvores capazes de crescer sob o sol inclemente da Amazônia e depois, as espécies suscetíveis de se desenvolver sob sua sombra. Algumas já subiram vários metros, outras estão começando a crescer.

Entre os novos seres vivos desta antiga área degradada, há 300 mil exemplares de "seis espécies em risco de extinção", segundo a lista vermelha da organização internacional UICN, como o ipê-amarelo e o cedro-rosa, segundo Ribeiro.

- Trinta milhões de árvores -

A fazenda Turmalina foi a primeira das nove que a Mombak comprou no Pará desde 2021.

A empresa planeja plantar nelas pelo menos 30 milhões de árvores até 2032, cobrindo uma superfície cinco vezes maior à de Manhattan.

Para financiar seu projeto, a Mombak contou com investimentos privados e apoio de entidades como o Banco Mundial e o governo americano anunciou um crédito de US$ 37,5 milhões (R$ 227,7 milhões) durante a visita do presidente Joe Biden à Amazônia em novembro.

Com a Microsoft, a Google e também a McLaren Racing, a empresa assinou contratos por um número fixo de toneladas e um ano de entrega.

No caso da Microsoft, são 1,5 milhão de toneladas de CO2 a serem compensadas, um dos maiores acordos de remoção do mundo, segundo a Mombak.

Os montantes destes contratos não foram divulgados, mas a Mombak admite que não vende barato: estes projetos precisam de "capital intensivo" e, por isso, "só podem existir em um cenário em que o preço do crédito de carbono (...) seja elevado".

Enquanto isso, o projeto deve ser validado em definitivo segundo a nova metodologia da Verra, uma das principais certificadoras privadas de créditos de carbono, que precisou reforçar seus padrões para torná-los mais confiáveis.

Estudos independentes mostraram que os projetos validados por seus métodos antigos não recuperavam nada ou apenas um pouco de carbono em relação ao prometido.

- A terra, uma questão sensível -

Embora seja "prudente" frente à juventude da Mombak, a professora Lise Vieira da Costa, do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará, vê aspectos animadores.

"O fato que esteja fazendo um reflorestamento biodiverso é positivo porque a grande preocupação que a gente tem em relação as projetos implementados na Amazônia é que são áreas de monocultura", corrobora.

"Outro ponto é que eles estão adquirindo a titularidade das áreas. Neste caso você tem uma tendência a ter menos conflito com comunidades", acrescenta.

A propriedade de terra é um dos grandes desafios na Amazônia, pois há na região um limbo legal do qual se aproveitam agricultores, pecuaristas, garimpeiros ou grileiros.

Isto gera conflitos com as comunidades locais, especialmente com povos indígenas, que dependem dos recursos naturais para sobreviver.

E com o mercado de créditos de carbono, também há antecedentes, com vários casos denunciados na justiça do Pará por apropriação indevida de terras.

- Alerta para a população local -

"A gente quer, por enquanto, áreas particulares de fazendeiros. Eles já estão lá há décadas e aí é mais fácil controlar tudo a partir de documentação", explica Silva.

No entanto, ele admite o interesse da Mombak em participar da primeira licitação do governo do Pará para reflorestar uma área pública degradada de mais de 10 mil hectares no sudeste do estado.

"O Brasil não cumprirá as suas metas apenas reduzindo o desmatamento. Precisa restaurar as áreas e fazer as concessões de restauro" de terras, afirmou o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), que se prepara para receber, em novembro, a COP30, a conferência climática da ONU, em Belém.

Mas algumas vozes alertam para o risco de que esta nova política de concessão de terras prejudique ainda mais as populações locais.

"Seria justo e necessário que os recursos para reflorestamento se dirijam para os povos da floresta, comunidades quilombolas, povos indígenas. Eles têm o conhecimento natural de como fazer isso e precisam de apoio", defende o especialista em Ciências Florestais Carlos Augusto Pantoja.

"Se o capital é o grande responsável por nos colocar nessa crise climática, não creio que sejam eles que vão resolver", afirma.

M.Yamazaki--JT